3 de jul. de 2011

Num bosque amarelo dois caminhos se separavam,
E lamentando não poder seguir os dois
E sendo apenas um viajante, fiquei muito tempo parado
E olhei para um deles tão distante quanto pude
Até onde se perdia na mata;
Então segui o outro, como sendo mais merecedor,
E tendo talvez melhor direito,
Porque coberto de mato e querendo uso
Embora os que por lá passaram
Os tenham realmente percorrido de igual forma;
E ambos ficaram essa manhã
Com folhas que passo nenhum pisou.
Oh, guardei o primeiro para o outro dia!
Embora sabendo como um caminho leva para longe,
Duvidasse que algum dia voltasse novamente.
Direi isto suspirando, em algum lugar,
daqui a muito e muito tempo:

Dois caminhos se separaram em um bosque e eu...
Eu escolhi o menos percorrido
E isso fez toda a diferença.

(Robert Frost)

4 de mai. de 2011

Estava tão bela com aquele brinco de pena.
E aquela blusa se ajustando perfeitamente em seu corpo, combinando com seus olhos.
Seus olhos, minha cor favorita.
De cabelo preso.
Ah! Gosto tanto quando o deixa solto e põe atrás da orelha.
Assim, fica visível para mim, os seus brincos, que eu gosto tanto.
Sempre tão bela, mas estava tão bela naquele dia...

23 de abr. de 2011

“Na primeira noite eles se aproximam 
roubam uma flor 
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem : 
pisam as flores, 
matam nosso cão, 
e não dizemos nada.
Até que um dia
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa, 
rouba-nos a luz, e, 
conhecendo o nosso medo 
arranca-nos a voz da garganta.
E já não dizemos nada.”



29 de jan. de 2011


Ê ê ê epa, Oiá ô.
Grande mãe.
Ia ô.
Beleza preta.
No ventre do vento.
Dona do vento que desgrenha as brenhas
Dona do vento que despenteia os campos
Dona da minha cabeça
Amor de Xangô.
Duzentas e uma esposas
O seu amado domina.
Oiá é a favorita.
Um dia de guerra bastou
Para a sua glória.
Orixá que abraçou seu amor terra adentro.

Com o dedo tira a tripa do inimigo.
Oiá que cuida das crianças
Toma conta de mim.
Seu fogo queima como sol.
Ela dorme dançando.
Epa, Oiá ô.
Não me queime o sol de sua mão.
Ligeira mulher guerreira
Corre veloz o fogo de Oiá
Oiá veloz faz o que fizer.
Fêmea forte com passos de macho
Moradora de Irá
Grande guerreira
Enérgica se ergue à mira do marido.
Vendaval e brisa.
Força de orixá que está no alto.
Oiá que vem à vila envolta em fogo.
Rara Oiá, rumores de amores com Ogum.
Aquela que dorme na forja.

Oiá na cidade, Oiá na aldeia
Mulher suave como sol que se vai
Mulher revolta como o vendaval
Levanta e anda na chuva
Assim é a grande Oiá
Eparipá, Oiá ô, he-hê-hê
Firme no meio do vento
Firme no meio do fogo
Firme no meio do vendaval
Firme orixá
Que bate sem mover as mãos
Firme orixá
Que tomou o tambor para tocar
E com pouco rasgou o couro
Epa, vocês tragam mais um tambor
Firme orixá
Epa, ela dançou sob a árvore aiã
Eparipá, as folhas de aia caíram todas
Orixá que é só axé
Castiga sem ser castigada
Dona do vento da vida.

Aquela que luta nas alturas.
Que doma a dor da miséria
Que doma a dor do vazio
Que doma a dor da desonra
Que doma a dor da tristeza.
Mulher ativa, amor de Xangô
Bela na briga, altiva Oiá.
Mãe lúcida.
Fecha o caminho dos inimigos.
Deusa que fecha as veredas do perigo.

Egungum de pé no pilão.
O que é isso?
Oiá espanta o babalaô, que nem apanha o seu ifá.
Oiá, o tempo que fecha sem chuva
Fogo no corpo todo
Riscafaísca – fogo.
Oiá corpo todo de pedra.
Com Oiá eu sou.
Com axé de Oiá na cabeça.
Minha cabeça aceitou a sorte.
Esse orixá me carrega no colo.

Amor de Xangô
Êpa, senhora sem medo
De segredo de egum.
Ialodê
Espada na mão
Bela no batuque
Do tantã tambor.
Ventania que varre lares
Ventania que varre árvores
Não nos desarvore.
Epa Oiá, maravilha de Irá.
Quem não sabe que Oiá é mais que o marido?
Oiá é mais que o alarido de Xangô.



É vida demais nesse texto.